terça-feira, dezembro 05, 2006

Há realmente sítios onde nos vêm os pensamentos mais estúpidos à cabeça. Não são estúpidos, são sinceros, mas desadequados ao momento.
É querer avançar e recuar no tempo em simultâneo. Querer retirar a tristeza aos outros e transportá-la nós mesmos para que possam respirar fundo. Para que possam ser connosco o que são no seu pleno. Para que rir a solto faça parte dos seus dias.
É pensar que, de repente, nos viraram a página sem nos avisarem.

segunda-feira, setembro 11, 2006

sei lá...

Tens razão. As coisas nem sempre são bem assim. Nunca são tão lineares como as descrevemos. Porque não há forma de descrever um turbilhão assim. Não há como chegar a determinado ponto e dizer "agora as coisas vão ser desta maneira".
Quase sempre as coisas saem da forma oposta ao que desenhámos mentalmente. Vem depois a nostalgia, a tristeza, a incerteza. O olhar para longe com uma lágrima no canto do olho. As perguntas. Por que é que tinha de ser assim? Algum dia irá ser diferente? E se sim, por que não já? E se não, por que razão cá dentro se grita um sim desesperado?
As coisas não são bem como tu pensas, como tu as vês. Também não são bem como eu as penso, como eu as vejo. As coisas são como são. E neste momento... são tristes, digo eu.

domingo, julho 02, 2006

Eu gostava de poder dizer tudo, de, de repente, abrir a goela e soltar aquele grito avassalador que guardei cá dentro. De não ter de explicar nada, porque realmente nunca o faço.

sexta-feira, maio 26, 2006

Eras tu e era eu. Sentados, em lugares opostos, trocávamos carinho com o olhar. Aquela sensação de ternura quente por dentro. Até alguém corar, até a intensidade ser tanta que temos de soltar o olhar.
Eras tu e era eu. Numa varanda qualquer a olhar o infinito, a fumar um cigarro e a falar sobre tudo e sobre nada, a estar em silêncio sem o sentir perturbador. Em que nada era tão racional como hoje, em que a amizade permitia a intimidade inocente e leve de quem se conhece bem e apenas isso.
Eras tu e era eu. Num café, a brincar com os guardanapos, a fazer bolinhas e a atirar ao outro, a rir, a falar sobre “como as coisas são hoje em dia”, sobre o futuro imaginado e refutado.
Eras tu e era eu. A perguntar como seria o amanhã depois de um beijo. A questionar o que seria de nós, que sentimentos nos percorriam, o que seríamos nós. E a deixar tudo andar. Sem impor limites, regras ou conversas. A esperar que o tempo avançasse sem restrições para um dia podermos dizer:

Eras tu e era eu. Nunca fomos nós.

quinta-feira, maio 25, 2006

"Não te percebo"

Seria a frase que te diria. Seria a frase que me dirias. Falta o "se". Se falássemos. Não falamos? Sobre o que realmente importa. O que é isso? O essencial. Continuo na mesma. Pensa. Não tenho feito outra coisa. E então? Então o quê? Chegaste a alguma conclusão? Não te percebo.

segunda-feira, março 27, 2006

novo provérbio

Mais vale só do que a acompanhar mal os outros.

quinta-feira, março 23, 2006

Just like Heaven

'Show me, show me, show me
How you do that trick
The one that makes me scream,' she said
'The one that makes me laugh,' she said
And threw her arms around my neck
'Show me how you do it
And I promise you, I promise that
I'll run away with you
I'll run away with you...'

Spinning on that dizzy edge
I kissed her face and kissed her head
And dreamed of all the different ways
I had to make her glow
'Why are you so far away?' she said
'Why won't you ever know that I'm in love with you,
That I'm in love with you?'

You
Soft and only
You
Lost and lonely
You
Strange as angels
Dancing in the deepest oceans
Twisting in the water, you're just like a dream
Just like a dream

Daylight licked me into shape
I must have been asleep for days
And moving lips to breathe her name
I opened up my eyes
I found myself alone
Alone
Alone above a raging sea
That stole the only girl I loved
And drowned her deep inside of me

You
Soft and only
You
Lost and lonely
You
Just like heaven

The Cure

domingo, fevereiro 05, 2006

O tempo esgota-se no meio de cigarros fumados até ao filtro. A sensação de que algo nos foge por entre o passar dos segundos, como se, de um momento para o outro, o que é essencial estivesse a quilómetros do nosso alcance.
Procura-se compreensão e silêncio no aconchego de um abraço, que não chega. Encontram-se confusões e desesperos na pressa de correr para algo supostamente prioritário, mas que não nos parece como tal, excepto na parte que descrevemos como obrigação, responsabilidade, pressão.
O pensamento leva-nos para longe de nós mesmos. Saltamos de nuvem em nuvem, cada uma com a sua cor. Chocamos contra uma mais negra e eis-nos de volta à terra, com mais uma dor de barriga ou nó na garganta.
Mais uma vontade de soltar as amarras, largar tudo e correr de olhos fechados para longe. Apenas mais um engano. Ficamos onde estamos e mesmo que haja distância percorrida, levamos tudo e todos connosco.
Desejamos então uma imagem em contra-luz.

segunda-feira, janeiro 23, 2006


Dizer-te o que penso seria apenas um desperdício de tempo. Nada muda. Nem as situações. Nem a razão, que compraste pelo caminho a um vendedor de luas.

Foto: "Your silence" por John Hui Kim

sábado, janeiro 14, 2006

Desabafo (ou não)

Se há coisa que me põe os nervos à flor da pele é quando me encostam à parede. E não digo aquele encostar de parede típico dos filmes em que se descobre qualquer coisa sobre outro e se atira à cara até o outro admitir que sim.
Também não falo no sentido literal, porque, na maioria dos casos em que me apanhei em tal situação, não foi de todo desagradável, muito pelo contrário até.
Por oposição, e disto, sim, é que estou a falar, detesto quando me limitam o meu espaço e tempo de existência individual. Seja amigo, seja namorado, seja pai, mãe, família aparte o agregado, etc. É uma coisa de que a maioria das pessoas não gosta, pelo que me pergunto: qual a necessidade de querer organizar o tempo das outras pessoas, levá-la a escolher sem qualquer espontaneidade da parte dela o tempo que reserva a cada uma das pessoas da sua vida e a si mesma, fazê-la sentir-se culpada com essa delimitação e contraditória ao sentir-se assim?!
Não digo que seja uma coisa planeada, que se pense arruinar o bom humor de outro de propósito usando tal como meio. Mas... calma, sim?
Todos nós gostamos de manter uma identidade sã e despreocupada de abusos alheios.