quinta-feira, novembro 17, 2005

Divagações de quem fuma um cigarro sozinha (para comemorar o dia do não fumador) e está com pouca vontade de ir comprar tabaco para a mãe

Há momentos em que me apetecia retirar os pensamentos da minha cabeça e deixá-los em cima de um papel. Como se fossem algo material. Algo moldável até. Controlável.
Esvaziar assim o palco de discussões, de memórias que revejo e completo a qualquer momento, proporcionar-me-ia, supostamente, aquela sensação de leveza de espírito que não raras vezes procuramos sem sabermos exactamente o que estamos a fazer.
Quando nos apetece esquecer tudo, mandar tudo às urtigas, como diria a minha mãe numa linguagem mais cuidada do que aquela em que eu me expressaria nessas alturas, não será fugir apenas, mas fugir para uma relativa paz interior talvez. Ou aspirar a tal.
Pergunto-me se, tal como me apetece nestes momentos de perguntas-a-mais-numa-cabeça-tão-pequenina, conseguíssemos de facto retirar esses pensamentos, como se a nossa cabeça de um balão se tratasse, a qualquer momento, a sensação seria a mesma.
Se aquela sensação de serenidade há muito esperada e raramente alcançada teria o mesmo efeito de cada vez que a atingíssemos propositadamente. Lembrei-me agora das minhas aulas de introdução à economia... E passo a traduzi-la para uma linguagem menos comum ao meu discurso (já que sempre disse que o meu curso é uma coisa abominável e com a qual não tenho nada a ver... mas, contraditoriamente, lá continuo) : seria a utilidade marginal dessa serenidade sempre crescente? ou o valor que lhe daríamos tenderia a descrescer à medida q beneficiássemos dela um pouco mais de cada vez?
Se houvesse uma sondagem sobre isto, provavelmente a resposta que obteria maioria considerável seria provavelmente que não. O valor, o efeito, o grau de serenidade em si,... não seriam o mesmo. E nisso também eu acredito...
No entanto, se houvesse um mecanismo, um produto qualquer que permitisse uns, ainda que céleres, momentos de paz dentro da minha cabeça, numa dosagem moderada e controlada para não abreviar e diminuir a mesma sensação (e que não exigisse uma taxa de esforço demasiado grande para quem "ganha" mesada), lá estaria eu de cartão de débito em riste para o obter.

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